Dra. Vanessa Lima
CRP 05/68835
Psicóloga e Terapeuta Cognitiva
Contato: (21) 970873207
Insta @psi.vanessalm
COMO REDUZIR O USO DE TELAS PARA CRIANÇAS?
Uma das preocupações dos pais nos tempos atuais é a redução do uso de telas das suas crianças. Constantemente recebo inúmeras perguntas, pedidos de orientações a respeito desse tema. Por conta da demanda decidi me aprofundar nesse assunto e escrever esse artigo para que possa alcançar o maior número de pais que enfrentam esse dilema. Reduzir o tempo de tela pode ser considerado um desafio, tendo em vista que a dependência do uso de eletrônicos pode gerar inúmeros prejuízos na saúde da criança. Na saúde física pode acarretar em obesidade e problemas de visão e na saúde mental ansiedade e depressão. Além disso, o uso prolongado de dispositivos eletrônicos pode prejudicar a concentração e a aprendizagem das crianças, além de reduzir a interação social e as habilidades comunicativas. Por outro lado, a redução do tempo de tela pode trazer inúmeros benefícios, como a melhoria na qualidade do sono, aumento da atividade física, desenvolvimento de habilidades sociais e criativas e mais tempo dedicado a atividades educativas e de leitura.
As crianças devem ser estimuladas de maneira educativa, com a criação de ambientes dedicados a jogos e leitura, além de momentos de interação familiar. Como as crianças tendem a imitar o que veem, é essencial que os adultos responsáveis sirvam de exemplo. Adotar hábitos de leitura, convidar as crianças para participar de atividades que promovam seu desenvolvimento e demonstrar interesse e entusiasmo nessas atividades são formas eficazes de incentivar um crescimento saudável e equilibrado. Apesar dos pontos listados acima, é importante reconhecer que a tecnologia é uma parte integrante do nosso cotidiano e que as crianças têm uma grande facilidade em aprender a usar dispositivos eletrônicos. No entanto, o objetivo deve ser reduzir o uso excessivo, não eliminá-lo completamente. Não se trata de adotar uma postura extremista de "tudo ou nada", mas sim de encontrar um equilíbrio cuidadoso que permita o uso das telas de maneira adequada e em momentos apropriados. É necessário estar atento se a sua criança passa a maior parte do dia diante das telas ou realiza atividades apenas com o uso do celular. Por exemplo, uma criança que só se alimenta ou só vai dormir quando está usando o telefone. Partindo desse pressuposto, é extremamente importante destacar a questão da dependência de eletrônicos.
Quais são fatores comportamentais que seu pequeno expressa quando não está em contato com dispositivos eletrônicos? É comum perceber por exemplo: irritabilidade, manifestações de agressividade e raiva, baixa tolerância à frustração (não sabe receber “não”), isolamento, choro excessivo… Vamos entender como a dependência age no cérebro: Tudo começa com o controle. Quando sua criança está com o celular na mão, escolhendo vídeos aleatoriamente, ela fica fascinada pelas inúmeras cores, sons, movimentos e repetições. A criança tem a autonomia de selecionar o tempo, a velocidade e acionar determinados sons, o que gera no cérebro uma sensação de prazer.
O responsável por essa sensação é um neurotransmissor chamado dopamina. Perceba como a autonomia diante do celular pode ser aplicada a outros contextos. Se a criança se interessa por um vídeo específico e simplesmente clica para iniciá-lo imediatamente, ou se deseja ouvir uma determinada parte e consegue retroceder ao tempo exato para reproduzir o som desejado. Consequentemente, quando ela faz um pedido e você, como responsável, nega, a criança pode reagir com uma postura de confronto, comportamentos de birra, manipulação e até agressividade. A dopamina é um neurotransmissor importante para o desenvolvimento, mas doses excessivas podem ser prejudiciais.
O uso excessivo de telas contribui para essa superprodução de dopamina. Para alcançar um uso equilibrado, é crucial considerar os limites e o tempo dedicado às telas. Resultados positivos não acontecem da noite para o dia; diminuir o tempo de tela é um processo gradual.
Portanto, é importante adotar mudanças de maneira progressiva, ou seja, aos poucos, conforme pontos listados abaixo:
1 – Disciplina e planejamento
Os responsáveis pela criança precisam trabalhar sua própria mentalidade. Como mencionado anteriormente, adotar uma postura de "tudo ou nada" não é saudável. É importante compreender que em alguns momentos a criança terá acesso aos dispositivos, mas de maneira mais equilibrada e controlada. Para iniciar esse processo, é crucial dar pequenos passos. Por exemplo, se o dispositivo utilizado pela criança é o celular, você pode começar configurando o aparelho para limitar o tempo de uso/bloqueio de tela, impedindo que a criança controle o tempo e reduzir o volume do áudio. O objetivo dessa intervenção é diminuir os níveis de euforia e promover a liberação de dopamina adequada para o cérebro da criança.
2 – Troque o celular/tablet pela televisão
O uso da televisão no lugar do celular é menos prejudicial para a criança, tendo em vista que a proposta da televisão é favorecer que a criança apenas assista concentradamente a um vídeo por vez seguindo a ordem cronológica, ou seja, assista do início ao fim, sem a possibilidade de manusear o controle remoto para pular, avançar determinados tempos de vídeo. O objetivo aqui é promover a tolerância e ensinar a criança a fazer escolhas, permitindo que ela assista ao vídeo escolhido sem a autonomia do celular para avançar, retroceder, aumentar ou diminuir o vídeo.
3 – Estabelecer limites: rotina e horários
Estabelecer horários ou momentos específicos para o uso de eletrônicos é uma forma eficaz de controlar seu uso. É útil adotar uma medida de tempo que seja visível para a criança, de modo que ela perceba quando o tempo acabou e, assim, suspenda o uso do aparelho. Se houver resistência por parte da criança, é importante acolhê-la e explicar que ela poderá continuar usando o aparelho no dia seguinte. Além disso, é essencial incentivar a expressão das emoções da criança. O objetivo é ensinar à criança que há um momento para tudo, inclusive para se divertir, promovendo assim a tolerância à frustração e o manejo emocional.
4 - Ser um Exemplo Positivo
Seja o adulto que deseja que sua criança seja. Lembre-se de que as crianças espelham seus pais, então se você modificar seu comportamento, reduzir seu próprio tempo de tela, criar atividades lúdicas e incentivar seu filho, estará contribuindo para um desenvolvimento mais saudável para ele.
5 – Promova atividades alternadas
Estimule e participe de atividades com seu filho. Seja uma atividade física, artística ou social, é uma excelente forma de promover o desenvolvimento da criança. Passos simples, como brincar em família, ler, pintar ou realizar atividades ao ar livre, são valiosos. Permita que a criança escolha, crie brinquedos, faça artesanato - deixe sua criatividade fluir. O importante é que seja educativo e contribua para o desenvolvimento da criança. Sua participação e envolvimento podem ser muito úteis para o progresso dela.
Para que essas orientações resultem em impactos positivos, é fundamental aplicá-las de maneira consistente e disciplinada, ou seja, todos os dias. Isso demonstra autoridade e comprometimento no desenvolvimento do seu filho.
Dra. Vanessa Lima
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